quinta-feira, 19 de junho de 2008

Como eu resumo minha vida - Cap. 01

Sou filha caçula e tenho apenas um irmão dois anos mais velho do que eu. Assim como meu irmão, eu não fui "planejada", minha mãe casou aos 19 anos, grávida, e deu à luz ao meu irmão aos 20 anos. Aos 21 ficou grávida de mim e ela me conta que pensou em aborto muitas vezes, pois a situação financeira da minha família nunca foi das melhores. Mas enfim, como podem ver, cá estou eu, e minha mãe desistiu da idéia do aborto.
O que eu tenho pra dizer da minha infância é que foi maravilhosa, foi sempre muito humilde, mas muito feliz, e nunca me faltou amor. Desde pequena gostava de jogar futebol, não era daquelas menininhas de "porcelana", pelo contrário, sempre fui molecona e gostava de brincar, pouco me importava se era com meninos ou meninas e se eu ia sujar ou não minha roupa.
Aos 6 anos de idade fui morar no interior de São Paulo, mas precisamente em Ibitinga. A lembrança que tenho de lá é de uma vida tranquila e muitas amizades, tinha muitos amiguinhos e passava o dia na casa deles ou brincando na rua. Minha casa tbm era ótima, grande, com um enorme quintal e um pomar ao fundo. Inclusive foi nesse pomar que tomei minha primeira picada de abelha...rs
Eu não sei bem pq, mas lembro de ver minha mãe sempre triste e desanimada nessa casa, talvez pq passasse os dias sozinha, não sei....O fato é que logo voltamos pra capital e minha mãe decidiu se separar do meu pai, nessa mesma época uma tia minha, irmã caçula do meu pai, estava internada no hospital do câncer muito debilitada, ela já havia tido a doença, feito tratamento, mas depois de alguns anos ela voltou, e voltou muito pior.
Sempre fui sensível, tinha 7 anos quando minha tia teve alta do hospital pq na realidade o caso dela não tinha mais jeito, o cancêr havia se espalhado pelo corpo, mas claro que eu não sabia disso, e muito menos minha tia. Então ela foi pra casa totalmente abatida, careca, com os pulsos roxos e uma enorme cicatriz no abdómen, resultado de uma cirurgia que fizeram para retirar um tumôr do fígado, mas abrindo sua barriga os médicos viram que a doença havia se espalhado para os outros órgãos e então fecharam a barriga sem nem fazer nada, pq realmente não tinha o que se fazer....Bem, enfim, foi quando eu vi minha tia de apenas 19 anos naquelas condições que desmaiei pela primeira vez na vida. E claro, me impressionei, sou uma pessoa muito impressionada até hoje.
Não demorou muito e minha tia teve de voltar a ser internada. Após alguns meses, ela estava em fase terminal e pediu para que os médicos deixassem que ela visse seus sobrinhos, eu, meu irmão e minha prima. No caminho do hospital meu pai ia dizendo para que não chorássemos nem fizéssemos perguntas constrangedoras à ela, que tentássemos animar ela.
Bem eu tentei, mas ao ver minha tia naquelas condições comecei a chorar de emoção, de dó, de pena.....ou pressentia que em breve ela estaria partindo........Logo meu pai me tirou do quarto e ela ficou a perguntar pq eu chorava.
É engraçado refletir hoje, 17 anos depois, como nós realmente temos desde o berço nossa índole e personalidade formadas. Pq quanto a isso, hoje eu ainda sou completamente igual: sensível, piedosa e impressionada.
É fato que logo minha tia partiu, todos sentimos a perda, mas minha vó me admira até hoje, tem uma força muito grande. Conhecedora do espiritismo, foi nele mesmo que encontrou forças para amparar sua dor e assim ajudar minha tia no plano superior a que ela com certeza foi.
Minha vó sempre frequentou centros e sempre recebeu mensagens de minha tia. Curioso foi um dia em que eu escrevi um bilhete à minha tia, então minha vó levou para o centro e disse que colocou numa cesta que realmente servia para colocar recados ou cartas para as pessoas desencarnadas. E nesse mesmo dia minha tia deu uma mensagem a minha vó, e nessa mensagem havia um parágrafo dirigido a mim, em que ela dizia "minha querida Juliana" e depois dizia que estava bem e tudo mais.
Minha vó me deu uma cópia dessa mensagem e em muitas vezes eu chorei em cima dela....Chorei de saudade e talvez por não entender direito o que se passava. Hoje não choro, pois tenho certeza que ela está bem, e a dor da saudade Deus tem sempre se encarregado de amenizar.

Bom, como primeiro capítulo está de bom tamanho! Até breve!